CC&NUTS
Castanheiro vs Alterações Climáticas: o papel do stress priming e da micorrização
A importância da castanha para a economia nacional é inegável, mas a sua produção está ameaçada pelas elevadas temperaturas e pela escassez de água. Para mitigar o efeito destes stresses abióticos, surgiu o projeto CC&NUTS.
O projeto CC&NUTS foca-se no desenvolvimento de estratégias para aumentar a tolerância do castanheiro às alterações climáticas.
Para mitigar o efeito das elevadas temperaturas e da escassez de água, o projeto recorre a duas estratégias reconhecidas como potencialmente mitigadoras destes stresses – a micorrização e o stress priming.
Objetivos
- Comparar a resposta de diferentes variedades de castanheiro a períodos de escassez de água e elevadas temperaturas, a nível fisiológico e bioquímico, de modo a selecionar as variedades mais bem-adaptadas a estas condições adversas.
- Otimizar a micropropagação de castanheiros e estabelecer a micorrização de porta-enxertos relevantes, nos quais serão enxertadas as variedades com maior potencial de tolerância ao stresse.
- Avaliar o potencial do stress priming para aumentar a tolerância do castanheiro a episódios subsequentes de escassez de água e elevadas temperaturas.
- Validar a estratégia proposta em condições de campo aberto.
Resultados
“Até ao momento, já percebemos que o castanheiro é mais sensível à falta de água do que às temperaturas elevadas e que, numa situação de co-exposição, os efeitos do calor intensificam os danos provocados pela secura. Relativamente à micorrização, já podemos concluir que é uma estratégia eficaz; uma planta micorrizada mostra mais capacidade de lidar com a falta de água e com as temperaturas elevadas do que uma planta não micorrizada.”
Fernanda Fidalgo – Coordenadora do Laboratório Plant Stress Lab (GreenUPorto/FCUP) e líder do consórcio
Excerto retirado da entrevista ao CiB – Centro de Informação de Biotecnologia
A escassez de água comprometeu de forma acentuada o crescimento das plantas não micorrizadas, afetando significativamente o conteúdo relativo de água, a produção de novas folhas e a área foliar. Em contraste, a micorrização mitigou de forma eficiente parte destes efeitos, apresentando as plantas micorrizadas expostas ao calor e à secura padrões de crescimento semelhantes aos das plantas controlo.
A associação com ectomicorrizas promove o crescimento, melhora as relações hídricas, aumenta a atividade fotossintética e estimula diferentes mecanismos de defesa antioxidante.
Resultados descritos no artigo técnico-científico publicado na revista Voz do Campo
A micorrização demonstra ser uma estratégia sustentável para o aumento da tolerância do castanheiro às alterações climáticas.
A caracterização do seu efeito em plantas do porta-enxerto Marsol encontra-se descrita na revista científica Plant Physiology and Biochemistry